Informações cientificas

Relíquias de Galileu

Museu em Florença, na Itália, apresenta a história da ciência por meio de instrumentos de diversas épocas e itens pessoais do famoso cientista italiano.
Relíquias de Galileu
A esfera armilar do século 16, construída por Antonio Santucci, é um dos destaques do Museu Galileu, em Florença (Itália). Ela representa o universo de acordo com a física aristotélica, com a Terra no centro. (foto: Museu Galileo)
Na Itália, igrejas exibem relíquias como a cabeça de São João Batista, o cinto supostamente usado pela Virgem Maria e as correntes que amarravam São Pedro na prisão – cujos elos magicamente se uniram quando dois pedaços foram colocados lado a lado.
Nesse contexto, não parece assim tão estranho que as principais atrações do Museu Galileu, em Florença, sejam itens do mesmo quilate: três dedos e um dente do grande cientista, expostos orgulhosamente ao lado de instrumentos científicos como telescópios e astrolábios, alguns deles usados pelo próprio Galileu.
Três dedos e um dente do grande cientista são expostos orgulhosamente ao lado de instrumentos científicos
As relíquias, digamos, científicas, foram recolhidas do seu cadáver 95 anos após sua morte, durante a cerimônia de enterro em 1737 – um tratamento dado normalmente aos restos mortais de santos. Nessa época, Galileu já era considerado um mártir da ciência, merecendo um túmulo grandioso na Igreja de Santa Croce (a dez minutos de caminhada do museu), onde está até hoje.
O resto do acervo do museu é composto de peças mais ortodoxas, como astrolábios, globos terrestres, telescópios, modelos do corpo humano, instrumentos para demonstrações científicas, entre outras.
Algumas delas são belíssimas, como uma esfera armilar do século 16 construída por Antonio Santucci e que levou cinco anos para ficar pronta. Ela representa o universo de acordo com a física aristotélica, com a Terra no centro e inúmeras esferas concêntricas demarcando as órbitas dos corpos celestes ao redor do planeta – com direito a uma imagem de Deus no topo do universo.

       

Acompanhe um passeio virtual da CH On-line pelo museu


Instrumentos de popularização

A narrativa da história da ciência é apresentada à medida que se visita o museu. Os objetos expostos fazem parte de duas coleções, amealhadas pelos Médici, os soberanos da região da Toscana, ao longo dos séculos 16 e 17, e pelos Lorraine, a família que os sucedeu, com objetos dos séculos 18 e 19.
Enquanto as primeiras salas mostram instrumentos para contar o tempo (essenciais para navegação), bússolas, astrolábios, globos terrestres e telescópios; ao avançar pelo museu, o visitante pode perceber a mudança de direção nas buscas científicas.
O espaço passa a ser ocupado, então, por microscópios, instrumentos de medida como termômetros, higrômetros e barômetros, modelos do corpo humano para o estudo da medicina e equipamentos para pesquisas na área da química.
Apesar de o próprio Galileu ter atuado como um grande divulgador da ciência, é no século 18 que surge uma demanda mais expressiva pela popularização científica. A partir de então, diversos instrumentos são construídos especificamente para demonstrar conceitos como eletricidade, ótica e mecânica para o público leigo, de preferência em apresentações espetaculares.
Plano inclinado do século 19
Plano inclinado do século 19. (foto: Museu Galileo)
Alguns desses objetos, como um plano inclinado com sininhos, visava demonstrar a lei da queda dos corpos com uma esfera. Seria interessante se o museu tivesse réplicas de alguns objetos desse tipo, para que os visitantes pudessem ‘brincar’ ou pelo menos assistir a demonstrações.
Mas ainda que a interatividade não seja o forte do museu, organizado mais como uma galeria de arte do que um centro de ciência nos moldes dos da Inglaterra ou Estados Unidos, sua página na internet é surpreendentemente bem suprida de materiais multimídia, todos em inglês.
Vídeos explicam o funcionamento de inúmeros objetos expostos. Há ainda um passeio virtual e até mesmo um catálogo completo com fotos e informações sobre cada um dos objetos do acervo. Sorte dos leitores brasileiros, que podem aproveitar bastante do museu sem sair da frente do computador.

Barbara Axt
Especial para CH On-line/ Londres
 Ciência hoje online

Supercondutores ambiciosos 

Pesquisadores buscam formas de incluir esse tipo de material nas aplicações da spintrônica. Em sua coluna de setembro, Carlos Alberto dos Santos fala desses estudos e do ‘delay’ que ainda existe entre os avanços teóricos no campo da supercondutividade e os resultados práticos.
Por: Carlos Alberto dos Santos
Publicado em 23/09/2011 | Atualizado em 23/09/2011
Supercondutores ambiciosos
Autora de estudo recente na área de materiais ajusta equipamentos usados em pesquisas no campo. Físicos buscam aplicar propriedades dos supercondutores, interessantes pelo caráter macroscópico do seu comportamento quântico, na spintrônica. (foto: Simes)
Como realidade tecnológica, a spintrônica nasceu no início dos anos 1990, quando pesquisadores da IBM patentearam a primeira válvula de spin, um dispositivo usado atualmente em quase todos os computadores. Conto detalhes dessa história na minha coluna de setembro de 2009.
O essencial aqui é destacar o fato de que, diferente da eletrônica, que consiste no controle e manipulação da carga do elétron, na spintrônica, esses procedimentos são realizados com base no seu spin – uma propriedade das partículas elementares afetada pelos campos magnéticos (A coluna O spin que move o mundo, assinada por Adilson de Oliveira, descreve essa propriedade em detalhes).
Até agora, os produtos da spintrônica têm sido confeccionados com materiais metálicos e semicondutores. No entanto, resultados de estudos publicados na última década indicam que os supercondutores estão a caminho da fábrica.
Chip de silício
Chip de silício com dispositivos de transporte de spins. Na spintrônica, as aplicações aparecem antes do que na supercondutividade. (foto: K.F. Atkinson/ Universidade de Delaware)
Um dos aspectos mais fascinantes, instigantes e promissores do ponto de vista tecnológico da supercondutividade é o caráter macroscópico do seu comportamento quântico. No entanto, suas aplicações costumam ser muito tardias em relação ao descobrimento dos conhecimentos científicos que as originaram.
Por exemplo, esses supercondutores da spintrônica ameaçam entrar em jogo mais de quatro décadas após a descoberta do fenômeno que está por trás de suas eventuais aplicações. Quando comparamos esse delay entre descoberta teórica e aplicação prática ao caso de outros materiais do mesmo ramo tecnológico, temos o exemplo da válvula de spin, que foi patenteada pouco mais de dois anos após a descoberta da magnetorresistência gigante, o fenômeno que lhe dá suporte teórico. Mais detalhes sobre o feito são apresentados na coluna De Lord Kelvin a Fert e Grünberg.

Duplo tunelamento

Para apresentar os supercondutores da spintrônica, temos que lembrar que tanto a eletrônica quanto a spintrônica lidam com a observação e a contagem de eventos binários, aos quais são associados os números ‘0’ e ‘1’, denominados bits, no jargão da eletrônica digital.
Na eletrônica, os bits são associados à existência ou não de corrente elétrica, produzida pela passagem de carga elétrica nos transistores, por efeito túnel – outra estranha propriedade da mecânica quântica, que permite que elétrons atravessem paredes, mais bem explicada na coluna O fantasminha camarada da microeletrônica.
Na spintrônica atual, os bits são associados à orientação do spin do elétron, uma espécie de ímã que o elétron carrega
Na spintrônica atual, os bits são associados à orientação do spin do elétron, uma espécie de ímã que o elétron carrega. O bit ‘0’ refere-se ao spin apontando para uma direção e o bit ‘1’ ao spin apontando na direção contrária. Essa direção é determinada por um campo magnético, mas não importa aqui saber exatamente qual a direção. O fato é que qualquer que seja ela, sempre haverá uma contrária.
Os supercondutores podem entrar nessa história por meio da Junção Josephson (JJ), um dispositivo que podemos comparar a um sanduíche com duas fatias de material supercondutor e recheio de outro tipo de material, que é isolante, metálico ou semicondutor, magnético ou não.
Do mesmo modo como ocorre nos semicondutores, os elétrons de um supercondutor atravessam o ‘recheio’ e chegam ao supercondutor do outro lado. Só que, no caso dos supercondutores, a situação é mais complicada, porque os elétrons andam aos pares – os chamados pares de Cooper. Então, em vez de um elétron, dois têm que ‘tunelar’ simultaneamente. Apesar de complicado, isso não é problema para eles.
Nanofio semicondutor
Representação artística de um nanofio semicondutor (em azul) conectado a dois contatos supercondutores. O nanofio mostra os pares de Cooper (em vermelho). (imagem: Tremani/ TU Delft)
A indústria que fabrica equipamentos de ressonância magnética que o diga. Todos os dispositivos com JJ existentes no mercado utilizam simplesmente essa propriedade de tunelamento, que só existe por causa da dualidade partícula-onda. Ou seja, dependendo das circunstâncias, o elétron comporta-se como uma partícula, como estamos habituados a pensar, ou como uma onda. Quando ele atravessa a barreira material na JJ, comporta-se como onda.

E a indústria?

Agora, se o material entre os supercondutores for magnético, os dois elétrons do par de Cooper se comportarão diferentemente. Quando estão emparelhados, os spins dos dois elétrons encontram-se em direções contrárias, mas, ao passar pelo isolante magnético, os dois podem ficar com os spins na mesma direção.
Esse mecanismo, proposto pelo físico russo Alexander F. Andreev em 1964, talvez permita o uso de uma JJ com isolante ferromagnético como válvula de spin. A ideia vem sendo discutida na literatura desde o início dos anos 2000. Inúmeros trabalhos teóricos e experimentais, focados em diferentes tipos de supercondutores e interfaces, foram publicados, mas não há nada ainda que se assemelhe a um protótipo.
A eficiência de um dispositivo spintrônico está ligada a sua capacidade de produzir corrente elétrica com spins polarizados
Qualquer que seja o material usado num dispositivo spintrônico, o fato essencial é que sua eficiência está ligada à capacidade de produzir corrente elétrica com spins polarizados, ou seja, com todos ou quase todos eles apontando na mesma direção.
É isso que está por trás das válvulas de spin, e é isso também que abre grandes perspectivas para os supercondutores. Além do mecanismo proposto por Andreev, existem outros fenômenos mais complexos resultantes da interação dos pares de Cooper com materiais magnéticos adjacentes a materiais supercondutores.
Todos os estudos teóricos sobre esses fenômenos indicam um fato sistematicamente observado em determinados tipos de supercondutores, como as cerâmicas: a corrente de spin presente inicialmente no material magnético fica, em grande proporção, polarizada ao atravessar o supercondutor.
Assim, além de poder funcionar como válvula de spin, alguns supercondutores podem funcionar como fonte de corrente polarizada. Teoria e experimentos andam juntos, mas falta a companhia da indústria.

Carlos Alberto dos SantosProfessor-visitante sênior da Universidade Federal da Integração Latino-americana
Ciência hoje online

 

Sobre neutrinos, ciência e sua divulgação



Publicado em 23/09/2011

Anúncio de que partículas subatômicas teriam quebrado a barreira da velocidade da luz suscita críticas por parte da comunidade científica internacional.
Sobre neutrinos, ciência e sua divulgação
Neutrinos teriam viajado mais rapidamente do que a velocidade da luz, um feito impossível segundo Einstein. Críticas relacionadas à divulgação do feito levantam questões sobre fazer ciência em tempos modernos. (foto: Flickr/ McRobi1992 – CC BY-NC-ND 2.0)
Cientistas europeus divulgaram ontem (22/9) no arXiv, uma espécie de arquivo eletrônico de artigos científicos ainda não publicados oficialmente, terem observado neutrinos, partículas subatômicas de carga elétrica neutra e quase sem massa, se movendo mais rápido que a luz.
O fato, se confirmado, coloca em xeque um dos pilares da física moderna: a teoria da relatividade especial, de Albert Einstein, segundo a qual nada no universo pode ultrapassar a velocidade da luz.
A observação foi feita por físicos do Opera, um dos experimentos em andamento no Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern), localizado entre a Suíça e França. Eles lançaram os neutrinos do Cern em direção ao Laboratório Nacional Gran Sasso, na Itália.
Ao percorrer a distância de 730 km por baixo da terra, essas partículas chegaram ao seu destino 60 nanossegundos (ou 60 bilionésimos de segundo) antes do que deveriam ter chegado caso tivessem respeitado o limite da velocidade da luz.
Experimento Opera
Equipamentos do Opera, projeto internacional que visa testar as oscilações dos neutrinos, partículas subatômicas supostamente capazes de transpor a velocidade da luz. (foto: Opera/ CC BY-SA 3.0)
Os resultados foram recebidos com bastante ceticismo pela comunidade científica internacional. Afinal, está em jogo uma teoria que vem sendo confirmada por evidências há mais de cem anos. E, menos de um dia depois do anúncio, já se pode ver na internet uma ‘chuva’ de críticas aos pesquisadores e à forma como os resultados foram divulgados. As reações têm sido, em muitos casos, bastante acaloradas.
Sem entrar na discussão sobre o mérito dos resultados, o fato nos traz alguns pontos para reflexão. Os pesquisadores deveriam ter divulgado suas conclusões sem a chancela da tradicional revisão por pares, apesar de elas terem origem em um único experimento e contradizerem tudo em que se acredita? Como isso deveria ter sido feito?
Os próprios pesquisadores do Cern assumiram uma posição de questionamento em relação ao que observaram
Em primeiro lugar, os próprios pesquisadores do Cern assumiram uma posição de questionamento em relação ao que observaram. Em matéria da Reuters, eles dizem: “Temos alta confiança em nossos resultados. Nós conferimos e reconferimos em busca de algo que pudesse ter distorcido nossas medições, mas não encontramos nada. Agora queremos que colegas chequem os resultados independentemente.”
Em outras notícias, as declarações dos cientistas seguem o mesmo tom: “Fomos forçados a dizer algo. Não podíamos varrer o resultado para baixo do tapete, porque isso seria desonesto”, dizem no site da Science.
Esse é o caminho natural do estabelecimento do conhecimento científico. A partir da divulgação dos resultados de uma pesquisa, cientistas do mundo todo que trabalham na mesma área tentam reproduzir os resultados para confirmá-los ou não.
As diversas tentativas de replicação do experimento que devem ocorrer a partir de agora, dado o teor revolucionário dos resultados apresentados, validarão ou não a descoberta dos pesquisadores, em um processo bem mais amplo e talvez mais confiável do que a revisão feita de praxe por dois ou três pares.

Ciência em tempos de internet

Surge então um segundo ponto: a forma e a velocidade com que os resultados do experimento foram disseminados pelo mundo todo.
Diferentemente do que acontecia no passado, é quase impossível manter a divulgação de resultados de pesquisa limitada a um público restrito até que eles sejam validados pela comunidade científica. Com a internet, a sociedade passou a ter acesso cada vez mais amplo às informações e não é possível controlar – nem frear – esse fluxo.
Com a internet, a sociedade passou a ter acesso cada vez mais amplo às informações e não é possível controlar – nem frear – esse fluxo
Não se pode negar que, em muitos casos, os meios de comunicação – principalmente os de grande circulação – não são fiéis às informações científicas. Há os que exageram no sensacionalismo para tornar a notícia mais atraente para os leitores; há os que economizam nas explicações e ponderações necessárias seja pela falta de tempo ou de espaço – ou de ambas.
Apesar dos maus exemplos, não faltam opções confiáveis e de qualidade aos leitores interessados. E eles não podem ser privados de acompanhar o processo de construção do conhecimento científico.

Thaís Fernandes
Ciência Hoje On-line

 

 

 

 

 

Vídeos mostram aurora austral do espaço e 'volta ao mundo' em 1 min.

Atualizado em  21 de setembro, 2011 - 11:18 (Brasília) 14:18 GMT

A Nasa divulgou imagens da aurora austral vista do espaço. O vídeo inédito foi capturado pela Estação Espacial Internacional, que orbitava a mais de 300 quilômetros de altitude entre a Austrália e a Antártida.
Imagens: Gateway to Astronaut Photography of Earth
Imagens foram fornecidas pelo Gateway to Astronaut Photography of Earth
A imagem foi montada a partir de centenas de fotografias tiradas pelos astronautas.
Como o fenômeno aconteceu em uma noite encoberta, não foi possível visualizá-lo a partir da Terra.
A aurora austral – identificado pelas luzes verdes no céu – é um fenômeno ótico que acontece no Polo Sul do Planeta.
O cientista James Drake usou 600 imagens fornecidas gratuitamente no site da Estação Espacial Internacional e criou uma volta ao mundo em 60 segundos. As imagens são do Gateway to Astronaut Photography of Earth, e foram publicadas no site do cientista infinity-imagined.tumblr.com
O vídeo começa no Oceano Pacífico e percorre todo o continente americano, até chegar à Antártida.
É possível ver as cidades de Vancouver e Victoria, no Canadá, Seattle, Portland, São Francisco, Los Angeles e Phoenix, nos Estados Unidos, e Cidade do México.
Em seguida as imagens mostram Guatemala, Panamá, Colômbia, Equador, Peru, Amazônia brasileira e o Chile.
A montagem de James Drake virou um sucesso na internet.

 

 

 

 

 

 

Cientistas capturam imagens de tatu gigante no Pantanal

Atualizado em  22 de setembro, 2011 - 11:05 (Brasília) 14:05 GMT

Imagem do tatu gigante capturada por câmera automática (Foto: Arnaud Desbiez)
Imagem do tatu gigante capturada por câmera automática (Foto: Arnaud Desbiez)
Cientistas britânicos conseguiram capturar imagens de um raro tatu gigante no Pantanal brasileiro.
As câmeras do zoológico de Chester foram colocadas pelos pesquisadores da Royal Zoological Society, da Escócia, na região de Nhecolândia e fazem parte do Projeto Tatu Gigante.
Depois de dez semanas de pesquisa de campo, os cientistas conseguiram encontrar e fotografar o animal.
"As câmeras vão oferecer informações críticas para a avaliação da situação das populações de tatus gigantes no Brasil", disse Arnaud Desbiez, biológo da Royal Zoological Society, que lidera o Projeto Tatu Gigante.
"Elas vão nos ajudar ter uma compreensão melhor da história natural da espécie e talvez entender as razões ecológicas de sua raridade (....). E vão nos ajudar a formular uma base de informações sobre a ecologia do tatu gigante e sua função no ecossistema do Pantanal brasileiro", acrescentou.
As fotos mostram o tatu saindo de uma toca. Apesar de as populações de tatus gigantes, ou Priodontes maximus, estarem espalhadas pela maior parte da América do Sul, pouco se sabe sobre este animal devido ao seu comportamento discreto e à pouca densidade das populações, que raramente são vistas.
Toca
O fato de o tatu gigante passar os dias em tocas embaixo da terra dificulta a observação tornando os avistamentos raros.
O tatu gigante pode atingir 1,5 metro de comprimento e pesar até 50 quilos, duas vezes o tamanho de um tatu comum. Ele vive em áreas de florestas conservadas, perto de fontes de água e têm hábitos noturnos.
Isso levou os cientistas a decidirem usar câmeras automáticas, instaladas como armadilhas, para capturar as imagens.
"Nós simplesmente não sabemos nada sobre os tatus gigantes e podemos perder esta espécie antes de conseguir entender sua história natural básica e seu papel ecológico", afirmou Arnaud Desbiez.
A organização União Internacional para Conservação da Natureza classifica este mamífero como vulnerável, pois o tatu gigante está ameaçado pela perda de seu habitat e pela caça.
Com o uso das câmeras automáticas do zoológico de Chester, os pesquisadores poderão estimar a densidade da população, investigar os padrões de suas atividades, monitorar o uso de suas tocas por outras espécies além de aprender mais sobre seu comportamento social e reprodutivo.
Para Arnaud Desbiez, o tatu gigante pode ser considerado um "fóssil vivo".
"Estou ansioso para usar os resultados de nosso trabalho para mostrar aos brasileiros e ao resto do mundo esta espécie desconhecida que eu acredito simboliza o melhor da biodiversidade", afirmou.


 

 

Satélite da Nasa deve cair na Terra nesta sexta-feira

Atualizado em  23 de setembro, 2011 - 07:47 (Brasília) 10:47 GMT

O satélite UARS, da Nasa (AFP)
A 'vida científica produtiva' do satélite acabou em 2005, quando ele ficou sem combustível
Um satélite da Agência Espacial americana, a Nasa, do tamanho de um ônibus deve cair na Terra nesta sexta-feira.
A agência afirma que pelo menos 26 pedaços grandes devem cair em um espaço de cerca de 800 quilômetros em qualquer lugar do planeta, exceto na América do Norte.
Ainda não se sabe a hora ou o local exato da queda dos destroços e especialistas afirmam que terão dados mais precisos apenas nas 12 horas antes de o satélite reentrar na atmosfera.
A Nasa calcula que há cerca de uma chance em 3,2 mil de um destroço atingir uma pessoa e acrescenta que, desde o início da era espacial, no final dos anos 50, não há ferimentos confirmados causados por queda de objetos vindos do espaço.
Incerteza
O especialista em satélites da Nasa, Stuart Eves, destacou a grande incerteza em relação à queda de satélites na Terra.
Usando os últimos dados da órbita do Satélite de Pesquisa de Alta Atmosfera (UARS, na sigla em inglês), da manhã desta sexta-feira, Eves e os outros especialista fizeram projeções a respeito da provável área de queda do satélite. E o especialista explicou que a vida útil de um satélite pode ser estimada com apenas 10% de precisão.
Isto significa que há um intervalo de apenas seis horas para mais ou para menos para o momento esperado da queda do satélite.
Por exemplo, na tarde de quinta-feira os dados sugeriam que os destroços do satélite cairiam em algum lugar dos mares do sul. Mas esta estimativa deve mudar com os dados coletados nesta sexta-feira.
Cerca de 70% da superfície da Terra é coberta por água, portanto, existe uma grande chance de os destroços caírem no mar. No entanto, ainda existe uma possibilidade também de que alguns pedaços caiam em terra.
Os pedaços do UARS podem cair em qualquer lugar entre os paralelos 57 norte e 57 sul do equador, uma área densamente povoada.
O UARS foi enviado ao espaço em 1991 com o Discovery em uma missão para estudar a atmosfera terrestre, principalmente a camada de ozônio.
Devido aos 10% de precisão e ao fato de que o satélite leva uma hora e meia para completar uma órbita em volta da Terra, o UARS pode cair durante uma das quatro trajetórias possíveis de sua órbita na noite de sexta-feira ou na manhã de sábado.
A queda de satélites também pode ser afetada por outros fatores, como a sua forma ou o aquecimento da atmosfera terrestre pela radiação vinda do Sol. Este aquecimento pode até acelerar a queda dos destroços.

 

 

 

 

23/09/2011 - 07h38

Descoberta que contradiz teoria de Einstein intriga cientistas

Jason Palmer
Da BBC News
Comentários 73
  • O laboratório Cern, nos arredores de Genebra O laboratório Cern, nos arredores de Genebra
Cientistas estão intrigados pelos resultados obtidos por cientistas do Centro Europeu de Investigação Nuclear (Cern, na sigla em inglês), em Genebra, que afirmaram ter descoberto partículas subatômicas capazes de viajar mais rápido do que a velocidade da luz.

Neutrinos enviados por via subterrânea das instalações de Cern para o de Gran Sasso, a 732 km de distância, pareceram chegar ao seu destino frações de segundo mais cedo que a teoria de um século de física faria supor.

As conclusões do experimento, que serão disponibilizadas na internet, serão cuidadosamente analisadas por outros cientistas.

Um dos pilares da física atual – tal e qual descrita por Albert Einstein em sua teoria da relatividade – é que a velocidade da luz é o limite a que um corpo pode viajar. Milhares de experimentos já foram realizados a fim de medi-la com mais e mais precisão.

Até então nunca havia sido possível encontrar uma partícula capaz de exceder a velocidade da luz.

"Tentamos encontrar todas as explicações possíveis para esse fenômeno. Queríamos encontrar erros – erros triviais, erros mais complicados, efeitos indesejados – e não encontramos", disse à BBC um dos autores do estudo, Antonio Ereditato, ressaltando a cautela do grupo em relação às próprias conclusões.

"Quando você não encontra nada, conclui, 'Bom, agora sou obrigado a disponibilizar e pedir à comunidade (científica internacional) que analise isto'."

Partículas aceleradas

Já se sabe que os neutrinos viajam a velocidades próximas da da luz. Essas partículas existem em diversas variedades, e experimentos recentes observaren que são capazes de mudar de um tipo para outro.

No projeto de Antonio Ereditato, Opera Collaboration, os cientistas preparam um único feixe de um tipo de neutrinos, de múon, e os envia do laboratório de Cern, em Genebra, na Suíça, para o de Gran Sasso, na Itália, para observar quantos se transformam em outro tipo de neutrino, de tau.

Ao longo dos experimentos, a equipe percebeu que as partículas chegavam ao seu destino final alguns bilionésimos de segundo abaixo do tempo que a luz levaria para percorrer a mesma distância.

A medição foi repetida 15 mil vezes, alcançando um nível de significância estatística que, nos círculos científicos, pode ser classificada como uma descoberta formal.

Entretanto, os cientistas entendem que erros sistemáticos, oriundos, por exemplo, das condições em que o experimento foi realizado ou da calibração dos instrumentos, poderia levar a uma falsa conclusão a respeito da superação da velocidade da luz.

"Meu sonho é que outro experimento independente chegue à mesma conclusão – nesse caso eu me sentiria aliviado", disse o cientista.

"Não estamos afirmando nada, pedimos a ajuda da comunidade para entender esses resultados malucos – porque eles são malucos. As consequências podem ser muito sérias."

Fonte: UOL/ BBC






Vestigios de Fukushima

Pesquisadores detectam enxofre radiativo no ar do litoral da Califórnia. O elemento teria se formado no encontro da água do mar com os reatores nucleares da usina japonesa e cruzado o oceano Pacífico na carona de ventos fortes.
Por: Sofia Moutinho
Publicado em 15/08/2011 | Atualizado em 15/08/2011
Vestígios de Fukushima
O cloro da água do mar, em contato com os reatores nucleares, levou à formação de enxofre radiativo, que evaporou e chegou à atmosfera. (imagem: DigitalGlobe/ Flickr – CC BY-NC-ND 2.0)
Em março deste ano, operadores da usina nuclear de Fukushima, no Japão, usaram centenas de toneladas de água do mar para resfriar os reatores atingidos por um terremoto e um tsunami. A decisão não foi das melhores.
Em contato com o cloro marinho, os nêutrons do interior dos reatores produziram enxofre radiativo (S-35), que, como mostra um estudo publicado hoje (15/8) na revista PNAS, evaporou e foi empurrado por fortes ventos até La Jolla, Califórnia, a cerca de quatro mil quilômetros de distância da cidade japonesa.
Os pesquisadores do Instituto Scripps de Oceanografia, da Universidade de São Diego, detectaram o enxofre radioativo no ar do litoral californiano em filtros de papel especiais, usados para capturar partículas presentes no ar e estudar o clima.
O enxofre radioativo encontrado naturalmente no ar é formado a partir da incidência de radiação cósmica sobre o Argônio (Ar-40). Mas os níveis encontrados pelos pesquisadores entre março e abril deste ano foram muito elevados.
No dia de pico, 28 de março – duas semanas após a água do mar começar a ser usada nos reatores –, a concentração de enxofre radioativo registrada foi cerca de 120 vezes maior do que a normal.
Ainda assim, os pesquisadores avisam que a radiação encontrada é pequena e não apresenta perigo para humanos nem outros seres vivos. “O nível é muito baixo mesmo, só conseguimos perceber porque usamos um equipamento extremamente sensível”, afirma o líder da pesquisa, o meteorologista Mark Thiemens.

Ventos esperados

O pesquisador conta que não se surpreendeu com a descoberta, pois o sudeste da Califórnia recebe frequentemente correntes de ar vindas da Ásia, que se intensificam no verão. Ele estima que 0,7% dos íons radioativos que vazaram do reator da usina de Fukushima tenha sido carregado por ventos até a Califórnia.
Mapa dos ventos
O mapa mostra o caminho dos ventos que saem da Ásia e chegam ao sudeste da Califórnia. Os pesquisadores acreditam que o enxofre radioativo seguiu esse mesmo trajeto. (imagem: Priyadarshi/ PNAS)
Segundo Thiemens, o restante do enxofre pode ter ficado no próprio Japão ou ido parar em outros estados que fazem parte da rota de ventos vindos do Oriente.
É provável até que o enxofre radioativo vazado da usina não exista mais. “A água do mar foi usada para resfriar os reatores japoneses por oito dias; depois disso foi substituída por água doce e o enxofre parou de ser produzido”, conta o pesquisador. “Como o tempo de vida média do enxofre radioativo é de 87 dias, agora, o enxofre já deve ter sumido.”

Sofia MoutinhoCiência Hoje On-line





Um besouro de 115 milhões de anos

Inseto fóssil de grupo que reúne hoje algumas das principais pragas que atacam lavouras acaba de ser registrado no Brasil. A descrição da espécie, tema da coluna deste mês de Alexander Kellner, suscita uma nova possibilidade de coevolução entre plantas e insetos.
Por: Alexander Kellner
Publicado em 12/08/2011 | Atualizado em 12/08/2011
Um besouro de 115 milhões de anos
Um pequeno besouro de menos de 1 centímetro que viveu há 115 milhões de anos foi encontrado em rochas da Bacia do Araripe, no Nordeste do Brasil. (foto: José Ricardo Mermudes)
Não há como negar que os achados de animais vertebrados no registro fossilífero – tais como dinossauros e pterossauros – acabam despertando maior interesse nas pessoas do que notícias de trabalhos sobre invertebrados ou plantas.
No entanto, não são somente os ossos – alguns grandes, outros não – que trazem contribuições relevantes para a compreensão da evolução da vida no nosso planeta. Às vezes, o estudo de criaturas pequenas, que passam facilmente desapercebidas por pessoas distraídas, abre uma nova janela de possibilidades na pesquisa paleontológica.
Esse é justamente o caso de Arariperhinus monnei, um pequeno besouro de menos de 1 centímetro descoberto por Márcia F. de Aquino Santos (Museu Nacional/UFRJ) e colegas e cuja descrição acaba de ser publicada na revista Palaeontology.

Paraíso dos insetos fósseis

A nova espécie foi encontrada em uma rocha formada por calcário laminado que faz parte da Bacia do Araripe, uma das principais regiões para pesquisas paleontológicas do nosso país. Seus afloramentos se estendem pelos estados do Ceará, Pernambuco e Piauí.
Rochas e fósseis encontrados na área revelam vários momentos distintos, mas dois são bem marcantes: a existência de um grande lago (ou um conjunto de lagos) de água doce de 115 milhões de anos que deu lugar a uma laguna (de água salgada) há 110 milhões de anos. As primeiras camadas da bacia recebem o nome de Formação Crato e as seguintes, de Formação Romualdo.
Já foram registradas nessa formação em torno de 300 (!) espécies diferentes de insetos
Arariperhinus monnei é procedente das camadas mais antigas, que revelaram também alguns peixes, penas e uma boa diversidade de plantas. Mas são os insetos, encontrados em grande quantidade e excepcionalmente bem preservados, que dão destaque à Formação Crato, cujas rochas podem ser consideradas um verdadeiro paraíso para quem se interessa por fósseis desses invertebrados.
Já foram registradas nessa formação em torno de 300 (!) espécies diferentes de insetos, que representam dezenas de grupos, desde libélulas até abelhas e mosquitos extintos. Mas são os coleópteros – mais conhecidos como besouros, entre eles, joaninhas e vaga-lumes – que dominam a fauna de insetos fósseis desse depósito, a exemplo do que ocorre nos dias de hoje.

Besouro com tromba

Entre centenas de exemplares de insetos preservados em camadas finas de calcário e guardados nas coleções do Museu Nacional/UFRJ, um chamou a atenção de Márcia F. de Aquino Santos. Tratava-se de um pequeno besouro que tinha em torno de 8 milímetros de comprimento e se destacava por apresentar uma enorme tromba na parte anterior da cabeça.
Besouro fóssil com tromba
A nova espécie de besouro, batizada de ‘Arariperhinus monnei’, se destaca por apresentar uma enorme tromba na parte anterior da cabeça. (foto: José Ricardo Mermudes)
Essa estrutura, associada à forma do corpo do besouro e ao tamanho de seus olhos, fez com que Márcia e seus orientadores – Vera Medina da Fonseca (Museu Nacional/UFRJ) e José Ricardo Mermudes (UFRJ) – identificassem o exemplar como integrante de um grupo de besouros chamado de Curculionoidea.
Esse grupo tem cerca de 62 mil espécies descritas e ostenta o título de maior agrupamento conhecido até hoje no mundo animal! Entre os seus subgrupos está a família Curculionidae, que, por sua vez, abarca mais de 50 mil espécies.
Muitos insetos desse grupo constituem-se importantes pragas para a agricultura
Essa diversidade dos curculionídeos deve-se a sua extrema variedade de formas, que os torna adaptados a praticamente todos os nichos do planeta, com exceção dos oceanos. Muitas formas constituem-se importantes pragas para a agricultura, enquanto outras são estudadas como agentes biológicos para proteger as plantações.
Voltando ao pequeno besouro do Araripe, Márcia e colegas acreditam que aquele inseto seja o primeiro representante de Anthonomini, grupo onde estão reunidas as formas mais derivadas dos curculionídeos.
O nome dado à nova espécie – Arariperhinus monnei – foi resultado da combinação de Araripe, bacia sedimentar onde o fóssil foi encontrado, e rhinos, expressão grega que significa bico, em alusão à extensa projeção que existe na cabeça desse inseto, além de ser uma justa homenagem ao colega uruguaio Miguel Angel Monné, que há pouco tempo se aposentou pelo Museu Nacional/UFRJ e é um dos principais estudiosos de besouros recentes.

Dupla importância

Um dos pontos mais interessantes da descoberta de Arariperhinus monnei está no fato de os representantes mais antigos de Anthonomini serem procedentes de rochas do Oligoceno, com cerca de 30 milhões de anos. Assim, a história desse grupo acaba de ser estendida em quase 85 milhões de anos, o que torna o achado da Bacia do Araripe bem especial.
Ervilheira
Os insetos da família a que pertence o besouro recém-descoberto estão entre as principais pragas que atacam lavouras de angiospermas, como a ervilheira. (foto: Wikimedia Commons/ Rasbak – CC BY-SA 3.0)
Mas a maior importância do registro desse novo curculionídeo fóssil está na ligação direta entre esses insetos e as angiospermas (plantas floríferas cujas sementes são protegidas por uma estrutura chamada fruto).
Como mencionado anteriormente, os curculionídeos reúnem algumas das principais pragas de lavouras formadas por angiospermas. As larvas de Arariperhinus monnei – assim como as dos demais integrantes do grupo – deveriam se desenvolver nos órgãos reprodutivos das angiospermas, como flores, frutas e sementes.
Cabe lembrar que, apesar de serem comuns hoje em dia, as angiospermas – também chamadas de plantas modernas – eram bem raras no passado, como já foi abordado na coluna de fevereiro de 2005, e ainda se discute muito como elas evoluíram ao longo do tempo.
A descoberta de um curculionídeo fóssil em uma época onde as angiospermas eram escassas abre a possibilidade de estudos relacionados à evolução conjunta de insetos e plantas. Pesquisando a presença de angiospermas e curculionídeos em outros depósitos, será possível compreender melhor como a evolução de um grupo afetou o outro.
O achado de Arariperhinus monnei também levanta a possibilidade de que a Bacia do Araripe, mais especificamente em torno dos 115 milhões de anos, tenha tido uma importante participação na evolução e dispersão das angiospermas.
Essa descoberta é daquelas que possibilita lançar um olhar diferente para os estudos paleontológicos, para que não se limitem à descrição de uma nova espécie em si, mas também observem a influência dessa nova espécie na evolução de outros grupos, no caso, as plantas modernas.

Alexander Kellner
Museu Nacional/UFRJ
Academia Brasileira de Ciências