sábado, 5 de novembro de 2011

A Exclusão

Ser ou não Ser?: Foucault e a exclusão? 

www.youtube.com/watch?v=0ILvkz4ru9Y 

 Paramos todos os dias em frente das rodoviárias, pegamos o ônibus, e sempre existe um ou outro deitado no chão, ou melhor, quando batem na porta de nossas casas rejeitamos ouvir o que o individuo tem a dizer devido a fatores pessoais. A verdade é que a sociedade cria seu espaço fechado e exclui pessoas, que mais na frente poderá se tornar um grande problema. Há exemplos dos assaltantes, que em  alguns casos são moradores de rua, que decidiram entrar na vida criminosa. Esteve video denota justamente como a sociedade cria os monstros.

O autor Luís Fernando Veríssimo aproveitando-se das variações da palavra "ponto" cria este texto artisticamente.

Pontos   

No início era um ponto. Ponto de partida. O ponto onde a tangente toca a circunferência, e faz-se a vida. Ponto pacífico.
O círculo é a timidez do ponto. A linha é o ponto desvairado. O travessão é o ponto-ante-ponto, a primeira exploração embevecida, a infância. Ligando as palavras. Nasceu num ponto qualquer do mapa. Sua mãe levou pontos depois do parto. A linha reta é o caminho mais chato entre o parto e o ponto final, preferiu o ziguezague. Teve uma vida pontilhada, os pontos que caíram nos exames, os pontos que subiam na Bolsa, os pontos de macumba, os pontapés. Mas sempre foi pontual.
O ponto é uma vírgula sem rabo.
A vírgula não é como o ponto e vírgula ponto e vírgula a virgula qualquer um usa mas o ponto e vírgula requer prática e discernimento vírgula modéstia a parte ponto
Nova linha. Fez ponto em frente à casa da namorada, uma circunferência com vários pontos positivos, como a sua mãe apontada acima. Não dormiu no ponto, acabou convidado para entrar quando estava a ponto de desistir, pontificou sobre vários pontos, não demora já era apontado como íntimo da casa, jogava cartas (pontinho) com a família, parecia um pontífice, não desapontou. Casaram. Tinham muitos pontos em comum.
O sexo! Ponto de exclamação. Querida, estou a ponto de... não! Cuidado. Ponto fraco. A tangente toca a circunferência. Outro ponto no mapa. Parto. Pontos.
Tiveram muitos pontos em comum. Os outros caçoavam: que pontaria! Discordavam num ponto: a pílula.
Zig-zag-zig-zag. Os ponteiros andando. Um dia, no futebol – jogava na ponta – sentiu umas pontadas. Coração. O ponto-chave.
O médico insistiu num ponto: pára.
Mas como? Chegara a um ponto em que não podia parar, era um ponto projetado no espaço, a vida é um ponto com raiva, parar como? A que ponto? Saiu encurvado. Como um ponto de interrogação.
Só uma solução, dois pontos: os 13 pontos na loteria. Senão era um ponto morto. A linha reta no eletro, outro ponto pacífico, o ponto no infinito onde as paralelas, a distância mais curta entre, cheguei a um ponto em que, meu Deus... Três pontinhos.
Jogou o que tinha num ponto de bicho e o que não tinha num ponto lotérico. Não deu ponto.
Em casa a circunferência e os sete pontinhos. Resolveu pingar os pontos nos is. Melhor deixar uma viúva no ponto.
De um ponto de ônibus mergulhou, de ponta-cabeça, na ponta de um táxi, ou de um ponto de táxi na ponta de um ônibus, é um ponto discutível. Entregou os pontos.